A DC PODE SUPERAR A MARVEL NO CINEMA
A Marvel está sapateando na cabeça da DC, no cinema, tanto nas bilheterias como na qualidade criativa de seus filmes. Mas a DC pode puxar o tapete da Marvel em breve.
Na verdade, a Warner/DC é a veterana em fazer filmes de super-heróis, começando lá atrás, nos anos 70, com o primeiro Superman. E reinou absoluta nesse filão por décadas. Tudo bem que apenas investindo em seus dois heróis mais icônicos, Superman e Batman. Mas foram filmes importantes para estabelecer, no mainstream, algo que ficava restrito ao fandom.
Enquanto que a Marvel, por muitos anos, nunca teve uma parceria de longa duração com um estúdio, optando por vender os direitos de filmagem de seus heróis, fosse pela falta de recursos para produzir os próprios filmes, ou por problemas financeiros.
Mas esse cenário desfavorável começou a mudar quando o Marvel Studios produziu um filme com total controle da Casa das Ideias: Homem de Ferro, em 2008, um sucesso de público e crítica. Em 2009, o grupo Marvel foi comprado pela Disney. A partir daí, com grandes orçamentos à disposição e a supervisão afiada de Kevin Feige, a Marvel finalmente tinha condições de dominar o mundo das bilheterias.
A Warner/DC fazia seus filmes de super-heróis sem tanta pressão, porque não havia concorrência. Isso até o lançamento de Homem de Ferro. Na época, a DC não se abalou tanto porque estava encantada com o Batman de Christopher Nolan. A trilogia de Nolan rendeu muito dinheiro, reconhecimento e Oscars. Mas atrasou a criação do universo cinematográfico da DC.
A situação piorou porque confiaram, informalmente, o comando desse universo a um diretor/produtor com um ego grande e um talento pequeno. O sr. Zack Snyder prometeu muito e entregou pouquíssimo. Batman vs Superman deveria ser um filme para abalar as estruturas, mas foi um fracasso criativo e uma decepção nas bilheterias.
A Warner entrou em pânico e mutilou seu próximo lançamento, Esquadrão Suicida, para deixá-lo mais palatável. Outro fracasso criativo. Mas depois a Warner ficou mais calma. O filme é ruim, mas fez dinheiro.
Atualmente, o comando do universo DC no cinema está nas mãos de um cara dos quadrinhos, Geoff Johns , e um executivo da Warner, Jon Berg. A ordem agora é ajustar o rumo. Internamente, a DC sabe que errou, que precisa mudar peças importantes para que seu grande plano deslanche. A ambição é conquistar bilheterias de U$ 1 bilhão, o aval da crítica e o coração do público, assim como a Marvel.
Mas a DC tem uma vantagem que pode fazê-la superar a concorrência.
A Warner é conhecida por dar liberdade criativa a seus diretores. O estúdio já se beneficiou e se prejudicou por conta disso. Mas a política continua. O que é um sinal de confiança no potencial de seus colaboradores.
No caso dos filmes da DC, inicialmente, a estratégia não deu certo. Escolheram a pessoa errada para dar essa liberdade. Porém, o futuro pode ser promissor.
O próximo lançamento da DC é o filme da Mulher Maravilha. Apesar da decepção com Batman vs Superman e Esquadrão Suicida, o último trailer e o fato de ser o primeiro filme de super-heróis protagonizado e dirigido por mulheres estão gerando grandes expectativas.
Em um aspecto, a DC já ganhou da Marvel. Em bem menos tempo, deu muito mais espaço para a diversidade. Lembrando que Esquadrão Suicida é um filme que tem como protagonistas um homem negro, o Pistoleiro, e uma mulher branca, Arlequina. Além de ter um elenco multiétnico, com personagens relevantes, como Amanda Waller, uma mulher negra, e El Diablo, o primeiro super-herói latino com substância no cinema.
Sem falar no já confirmado filme solo do Batman, que será dirigido e estrelado por Ben Affleck. Um cara que já provou ter ambição em seus projetos e talento para executá-los.
Ou seja, mesmo tendo a última palavra sobre esse universo DC, a Warner ainda tem muita a ganhar bancando as ideias dos seus colaboradores. Algo ao mesmo tempo diferente e lucrativo pode surgir dessa parceria. Porque o negócio do cinema tem a ver com dinheiro, mas também tem a ver com ego.
Já com a Marvel, o caminho é mais seguro e, por isso, mais previsível. Eles aprenderam a fazer filmes bem azeitados, mas aqui a rédea é mais curta. A liberdade criativa é muito mais limitada. E isso se reflete na estética, no tom e nas possibilidades de cada filme. Há uma padronização, uma linha de montagem. Hoje em dia, sabemos que, dificilmente, um filme da Marvel vai decepcionar o público. Assim como, sabemos que, dificilmente, irá surpreendê-lo.
Claro que essa virada da DC em cima da Marvel pode não se concretizar. Contudo, esse cenário de pulo do gato, de busca pela excelência, é uma projeção a partir de informações sólidas, não é uma mera vontade minha. Depois do lançamento do filme da Mulher Maravilha, da Liga da Justiça e da aventura solo do Batman, a gente conversa de novo.