A NOVA EDIÇÃO DA ESTRANHA BAHIA

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A nova edição da Estranha Bahia está mais gostosa de pegar e de ler. O formato 14cm x 21cm, mais compacto e robusto, com capa cartão e papel de maior gramatura, deixa o livro mais resistente e mais prático para o leitor levar aonde quiser. E agora Estranha Bahia vem com shrink, a embalagem plástica protegendo o livro. Lançamento em agosto. Serão disponibilizados a versão em e-book, na Amazon, e o livro físico, em loja virtual, com entrega para todo o Brasil.

ESTRANHA BAHIA FOI PARA A GRÁFICA

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Estranha Bahia finalmente foi para a gráfica!!! Na verdade, serão impressos 20 exemplares iniciais, que servirão como ARCs (Advanced Reader Copies) de luxo para distribuição entre blogueiros e booktubers. Já notei algumas pequenas correções a fazer. Os contos foram revistos pelos autores e houve nova revisão. Essa 2ª edição terá 196 páginas, no formato 14cm x 21cm. Em breve, Estranha Bahia estará disponível em e-book na Amazon e o livro físico poderá ser adquirido em loja virtual, com entrega para todo o Brasil.

ESTRANHA BAHIA ESTÁ CHEGANDO!

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Houve um pequeno contratempo no cronograma da 2ª edição da Estranha Bahia, mas voltamos aos trilhos. Estamos fazendo a última revisão do miolo antes de mandarmos os arquivos para a gráfica. A capa completa está pronta. Houve pequenas modificações em relação à edição anterior. Tudo para deixar os elementos da capa, quarta capa, lombada e orelhas mais nítidos. Lançamento em julho!

VEM AÍ A 2ª EDIÇÃO DA ESTRANHA BAHIA!

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Agora posso anunciar. Galera, vem aí a 2ª edição da Estranha Bahia, nossa coletânea de contos de terror, fantasia e FC! Publicada originalmente em 2016, foi finalista do prêmio Argos 2017. Os contos foram revistos pelos autores. Furos de roteiro foram corrigidos, passagens foram reescritas ou cortadas. As histórias estão mais coesas e elegantes, além de ter ganhado uma nova revisão. O nosso projeto gráfico emulando as revistas pulp continua. O acabamento da edição será melhor, com capa cartão (antes era papel couchê) e costura mais robusta. Vamos gastar um dinheirinho em divulgação e tentar ser um pouco mais criativos na promoção do livro. E será mais fácil adquiri-lo por meio de loja virtual. O lançamento das edições digital e física será em março de 2019 a um preço atraente.

ESTOU NO PACOTÃO LITERÁRIO

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O Pacotão Literário é um projeto que procura dar visibilidade a autores nacionais independentes de forma prática com valores a partir de R$1,00. Você decide quanto vai pagar. As obras foram avaliadas por uma curadoria e estão disponibilizadas em vários formatos, inclusive em versão física.

A edição #4: Aventuras do Brasil reúne um time de autores de várias partes do país.

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Participo com o e-book O Fim do Medo. São contos de terror, mistério e suspense. Nos três contos desta coletânea, os protagonistas testam os limites da sanidade. Em A Decisão, um executivo tem seu cotidiano invadido por uma ameaça aterradora. O jovem de Uma Noite Qualquer é atormentado por uma emergência na velha pensão onde trabalha. Em Óculos Escuros, um homem vai à praia para relaxar, mas se depara com um trauma do passado. Esta é uma Salvador que não está nos cartões postais.

A Decisão foi originalmente publicado na antologia The King vol.II (Multifoco, 2013), em homenagem a Stephen King. Na época, para mim, foi algo muito importante. O conto foi selecionado por seus próprios méritos. Não paguei para publicar nem conhecia os organizadores. E também foi meu primeiro conto publicado em papel, em livro. Foi uma espécie de recomeço, quando decidi levar essa loucura de escrever ficção bem mais a sério. Para a nova coletânea, reescrevi o conto, mudando um pouco sua estrutura, deixando-o mais enxuto e dinâmico. Foi bacana revisitar esta história e constatar que estou evoluindo como escritor.

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Uma Noite Qualquer foi publicado no meu blog para o Halloween de 2015. Em 2016, foi enviado para o canal/site Homo Literatus. O editor Vilto Reis criou a série Pitacos, na qual o público manda contos para seleção e análise. Meu conto participou do segundo episódio. Fiquei muito gratificado pela, ao mesmo tempo, implacável e generosa avaliação (assista ao vídeo). Vilto soube criticar com propriedade. Apontou problemas e reconheceu qualidades. Ele sugeriu que eu reescrevesse o conto. Foi o que fiz. O resultado está em O Fim do Medo.

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Os Inocentes, de Jack Clayton, adaptação para o cinema de A Volta do Parafuso

Óculos Escuros é um conto inédito. É minha tentativa de homenagear uma obra que admiro bastante. Na novela gótica A Volta do Parafuso, de Henry James, uma preceptora vai para o interior da Inglaterra do séc.19 cuidar de um casal de irmãos. A chegada da jovem causa tensão entre patrões e empregados. Ela acredita que as crianças estão em perigo pela presença de fantasmas. A narrativa nunca deixa claro se o horror sobrenatural existe ou tudo é invenção da mente da preceptora. Tentei um efeito semelhante no meu conto. Que também fala sobre o mesmo tema da infância ameaçada. Também com uma narração ambígua.

A coletânea O Fim do Medo é um e-book exclusivo do Pacotão Literário. Você não vai achar esses contos em nenhum outro lugar.

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CONTO MEU NA SOMNIUM

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A Somnium é a revista de ficção científica mais tradicional do país. Publicada on line pelo Clube de Leitores de Ficção Científica (CLFC), traz resenhas, notícias, artigos, relatos. Em cada número, são propostos temas para submissão de contos. Nomes de peso da FC nacional e da portuguesa já publicaram na revista. Saiu a lista dos autores selecionados para a edição n°113, cujos temas foram TRANS-HUMANISMO e WEIRD, e que será lançada em breve. Meu conto Aynin Candé, uma mistura cyberpunk, afrofuturismo e new weird, foi um dos escolhidos!! É uma honra estar ao lado de mestres como Carlos Orsi, Gerson Lodi-Ribeiro e Luiz Bras.

Sesstelo, de Carlos Orsi

Eutanásia, de David Machado

Quarteirão, de Fabio Barreto

Pantagruelicídio, de Frederico De Oliveira Toscano

Moça da Mão Perfeita, de Gerson Lodi-Ribeiro

Um Último Dia Perfeito, de Gilson Luis da Cunha

Loja de Peças, de Graham Brand (traduzido por Santiago Santos)

Utopia Pandemia, de Luiz Bras

Madeleines & Micro-ondas, de Paulo Elache

Aynin Candé, de Ricardo Santos

De trilhos enferrujados e cachorros mancos, de Santiago Santos

AUTOCRÍTICA DE UM ROMANCE

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Alguma vez, alguém já analisou o próprio conto, novela ou romance depois de escrito, de publicado? Fazendo a comparação do que foi planejado com o resultado final? Abaixo segue minha avaliação, em tópicos, do meu primeiro romance Um Jardim de Maravilhas e Pesadelos, publicado em 2015.

É aquela coisa: você só aprende fazendo. Claro que o estudo é fundamental para aprimorar qualquer escrita. Enquanto eu (r)escrevia esse livro, aprendi muito, na prática, sobre uma série de tópicos, como furos de roteiro, ritmo, construção de cena e desenvolvimento de personagens. Aprendi o que não deve ser feito, principalmente, evitar clichês e preconceitos implícitos ou explícitos.

Godard disse uma frase de que gosto bastante: “Os problemas de um filme sempre podem ser corrigidos no filme seguinte”. Acho que isso é válido também na literatura. Evidente que ninguém nunca quer errar. Mas a verdade é que erramos mais do que acertamos. É a vida. Mas querer acertar é o segredo.

Autocrítica do romance Um Jardim de Maravilhas e Pesadelos:

– Herói mais reativo do que ativo (ponto negativo);

– heroína mais reativa do que ativa (ponto negativo);

– conflito entre heróis (ponto positivo);

– heróis falhos (ponto positivo);

– vilão complexo, ativo (ponto positivo);

– worldbuilding em função da trama, procurando evitar o infodump (ponto positivo);

– uso de macguffin (alguns podem considerar como bem utilizado, outros como algo que precisaria de maiores explicações);

– uso da arma de chehkov (satisfatoriamente utilizada, evitou o deus ex machina no clímax);

– estrutura em três atos (está bem disfarçadinho, mas existe);

– uso de reviravoltas e ganchos (utilizados de maneira orgânica, surpreendendo o leitor, mas sem enganá-lo);

– sem jornada do herói (existe uma série de passos que determinam se o protagonista percorreu a jornada como estrutura narrativa. No filme Matrix, Neo faz essa jornada de maneira clássica, seguindo cada um desses passos. Certos autores usam apenas alguns aspectos da jornada. No meu caso, a evitei completamente por achar que não se adequaria à história que eu queria contar, e também por considerá-la batida. Isso foi a coisa mais consciente que fiz ao escrever o livro. O problema de muitos autores é que eles tentam adequar sua história à jornada do herói e não o contrário).

EM BREVE

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Nos próximos dias, será lançado na Amazon um conto de fantasia heroica, de espada e feitiçaria ou sword and soul, como queiram. Quenai dul Muni é uma guerreira solitária num mundo povoado por magos, feiticeiras, reis, imperatrizes, máquinas e seres fantásticos. Tendo em mãos sua espada mágica Grito da Lua, ela enfrenta ameaças humanas e sobrenaturais. Esta é a primeira aventura de uma série que pretende ser, ao mesmo tempo, uma homenagem e uma crítica ao subgênero, inspirada em mestras e mestres como Robert E. Howard, Tanith Lee, Michael Moorcock, Charles R. Saunders e C.L. Moore.

Leiam o início do conto: 

Podia ser a fome. O frio. Os primeiros raios de sol. A chuva. A vontade de urinar. Geralmente, uma perturbação dessas isolada, ou uma combinação de duas, três ou todas juntas. Mas também podia ser uma perturbação mais ameaçadora, fatal. Uma sorrateira cobra-colar, que se aproximaria enquanto estivesse deitada a céu aberto, e se envolveria em seu pescoço, tão ágil quanto o saque de uma espada, para sufocá-la com a pressão do corpo delgado e as escamas abertas, pontudas, venenosas. Ou um bando de hienas-amarelas, que aguardariam com paciência até que pegasse no mais profundo dos sonos, então avançariam, entre as muitas pedras que cobriam a planície de Jara, para atacar, despedaçá-la e devorar sua carne.

Porém, havia uma perturbação ainda mais fatal. De outra natureza, ao mesmo tempo, tão próxima e tão distante de Quenai.

Nessa hora, Grito da Lua não poderia ajudar, além de oferecer a lâmina eternamente afiada. Quenai teria de sobreviver sozinha.

Ela ouviu algo. Abriu os olhos. Sentia fome, um pouco de sede. Ao ar livre, nunca dormia completamente saciada, satisfeita. O vazio no estômago não permitia que adormecesse de verdade, que sonhasse. O descanso era uma imitação de sono. Precisava estar pronta para qualquer ameaça.

Ficou alerta, mas não se mexeu. Continuou deitada de lado, sobre a manta espessa de algodão, coberta por sua pele de cabra. A manhã ainda estava fria e cinzenta.

Apertou os dentes e os lábios grossos. Começar o dia dessa maneira, agitado, a deixava possessa.

Ao redor, a vegetação era baixa, misturando tons verdes, amarelos e marrons, com poucas árvores finas. O que tornava aquele lugar único eram as formações de pedras escuras de vários tamanhos, espalhadas em todo o campo aberto. Pareciam jarros enormes. Diziam as lendas que, milênios antes, o extinto povo jara dominava aquelas terras. E que as formações de pedra eram crematórios, onde os mortos se tornavam pó, em rituais fúnebres em louvor ao deus Cra, o Lanceiro da Morte.

Quenai podia ver com nitidez, na altura do chão, mas ainda assim sua visão estava limitada. No início da noite anterior, ela sabia que tinha de parar a viagem. Aliás, viagem que nem devia ter começado. Já era tarde quando partira. Onde estava com a cabeça para se meter numa situação de perigo tão evitável? A falta de dinheiro era a resposta óbvia. Contudo, a melancolia que a dominou, em seus últimos dias numa cidade grande, com certeza, tinha contribuído para afetar-lhe o raciocínio. Não era nada inteligente ficar vagando por aquela planície, à noite. Então ela procurou um local estratégico para descansar sua espada, comer um pouco e dormir. Queria se proteger das ameaças potenciais. Tinha de fazer escolhas. Preferiu repousar num trecho onde os jarros estavam mais distantes uns dos outros. Isso evitaria uma aproximação surpresa de hienas-amarelas. Num trecho onde os jarros estivessem mais próximos, Quenai melhor camuflada aos olhos de viajantes, as feras de pelos longos e eriçados nas costas podiam, pelo alto das pedras, cair sobre seu corpo. Em campo aberto, era mais fácil percebê-las. Para afugentá-las, usaria um apito de madeira com partes móveis. A peça gerava sons desagradáveis para vários tipos de animais e imitações do urro de predadores. Caso as feras insistissem em cercá-la, ela faria fogo e um círculo de chamas à sua volta. E em último caso, o enfretamento. Mas, nas poucas vezes que estivera ali, à noite, o apito bastou. Contra o avanço de cobras-colar, contava apenas com a agilidade de sua adaga. Em relação à gente, a coisa era mais imprevisível.

Com os ouvidos atentos e o nariz apurado, Quenai percebeu uma inquietação no ar e nenhum fedor. Entre grilos-de-veludo próximos e corvos-azuis ao longe, não havia a presença de cavalos nem de cães ou lobos de caça. Isso foi bem fácil de deduzir. Mais difícil foi estabelecer a posição de quem a espreitava.

Não era um estranho solitário. Havia mais alguém. Quantos seriam ao todo, três, quatro desgraçados?

Por que não lançaram uma flecha, uma machadinha ou uma adaga, perfurando a pele de cabra, atingindo-lhe a perna ou o torso? Estariam apenas esperando a reação dela? Ou não teriam tais armas, guardando as espadas para o ataque a curta distância? Ou queriam preservá-la para o estupro, a servidão, para ser vendida como escrava nas cidades da Costa de Marfus? Ou eram apenas burros, incompetentes, covardes?

Essa incerteza deixava Quenai inquieta. Mas ela não podia se mexer. Ainda não.

Estava pronta para a luta. Completamente vestida, botas calçadas. O cinturão com bolsos firme. A adaga de lâmina curva dentro da bainha de couro liso, à disposição, no quadril direito. E Grito da Lua estava bem à sua frente, deitada com ela, guardada em sua bainha de couro trabalhado.

O silêncio da espada era a certeza de que se tratava de uma ameaça humana. Se a ameaça fosse além de sua compreensão, mística de alguma forma, Grito da Lua se manifestaria.

Agora Quenai contava apenas com suas habilidades de combate. Mas fazia quase duas semanas que não lutava com ninguém. Nem mesmo para treinamento. O serviço de escolta da filha de um comerciante da cidade de Carná, uma noiva prometida a outro comerciante da cidade vizinha de Arbaque, não fora exigente. E o bom pagamento a deixou um tanto mole, com muita comida para estufar a barriga, muitas horas de sono numa cama aconchegante de estalagem, e sexo com um ou outro habitante daquela região do Império de Boro ou algum forasteiro, que aceitaram seus convites para beber; e ela sempre tomando uma dose de poção seca para não engravidar. Quando o dinheiro acabou, quando o ânimo acabou, achou melhor voltar para a estrada.

Não tinha nenhuma esperança de que aqueles à sua espera não passassem de viajantes perdidos, desorientados, talvez feridos ou bêbados. Gente assim não costumava se aproximar, na surdina, de estranhos dormindo ao ar livre. Iriam para o lado oposto, para longe, ou gritariam por ajuda. Ao contrário de bandidos, arruaceiros, soldados, guerreiros e mercenários, laia pior do que qualquer bando de hienas-amarelas estudando sua presa.

“Ei, você! Não temos o dia todo!”, disse uma voz de mulher, em bor, a língua comum.