ESTOU PENSANDO EM ACABAR COM ESSE FILME

O filme Estou pensando em acabar com tudo se tornou um queridinho da crítica. Charlie Kaufman é um roteirista brilhante e um diretor talentoso. Seus roteiros dos filmes Quero ser John Malkovich, Adaptação e Brilho eterno de uma mente sem lembranças são inovadores. A animação Anomalisa é uma pungente meditação sobre a condição humana. Mas seu último filme como diretor e roteirista deixa a desejar.

É a adaptação do romance de mesmo nome. O livro é um filme thriller envolvente que derrapa feio no final por trazer uma grande revelação que causa surpresa, mas não faz muito sentido com tudo o que veio antes. No filme, mesmo para quem não leu o livro, fica claro, desde o início, do que se trata. Kaufman aposta no surrealismo e no nonsense para que o espectador acompanhe a jornada emocional dos personagens.

Há bons momentos de interação entre eles e soluções visuais instigantes que materializam ideias e sentimentos. Mas, quando o filme não funciona, torna-se pretensioso e repetitivo. O elenco está muito bem, mas irrita ou nos deixa entediados nos excessos do roteiro. A duração de mais de duas horas não ajuda em nada.

O valor de produção está lá. Bela fotografia, montagem eficiente e a direção de arte mostra toda a bizarrice que se enconde num ambiente de aparente normalidade.

Estou pensando em acabar com tudo é praticamente obrigatório para os fãs de Charlie Kaufman. Para o resto da humanidade, a conferida é uma opção.

CICATRIZES, MEU NOVO LIVRO DE CONTOS

Em Cicatrizes, o monstro é o ser humano. São cinco histórias do dia a dia que se transformam em momentos de tensão. O terror se esconde nas sombras da normalidade. Um jovem curte um belo dia na praia, mas o acaso traz à tona lembranças brutais. O segurança de uma boate passa uma madrugada perturbadora. Um poeta se abala ao observar acontecimentos na vizinhança. Um homem tenta, a todo custo, terminar de ler um romance policial. Uma advogada testa os limites de sua sanidade numa situação de vida ou morte. O leitor descobrirá que, neste livro, a linha que separa vítimas e algozes é mais tênue do que parece.