AS 6 MELHORES SÉRIES QUE VI EM 2019

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6 – The Boys, 1ª temporada (2019): O Watchmen de Alan Moore mostrou os super-heróis como figuras melancólicas, com um senso de justiça distorcido e deprimente. Na série The Boys, os super-heróis são um pesadelo camuflado em camadas de marketing. São psicopatas vaidosos a serviço de grandes corporações. Mesmo considerando que a série foi produzida pelo serviço de streaming de um cara com a maior pinta de vilão de quadrinhos, Jeff Bezos, o dono da Amazon, The Boys é divertido e faz um retrato brutal do mundo das celebridades.

5 – Devilman Crybaby, 1ª temporada (2018): Anime definitivamente para adultos. Há exageros em sua violência tão gráfica, mas a escatologia desse universo se encaixa muito bem na reflexão sobre os “demônios” da condição humana. A técnica de animação, psicodélica e de traços imprecisos, mostra a instabilidade emocional dos personagens, acompanhada por uma trilha sonora tecno vibrante. O finale da série nos pega de surpresa. É, ao mesmo tempo, tão bonito e tão triste.

4 – The Mandalorian, 1ª temporada (2019): Lobo Solitário no espaço, com pitadas de Sérgio Leone. Tinha tudo para dar errado, mas deu muito certo. A série mistura elementos consagrados da franquia com novos personagens e uma história distante dos Skywalkers. Resgata o clima de aventura e simplicidade da trilogia original, mas acaba apresentando a versão mais violenta de um produto live-action de Star Wars. Personagens cativantes, efeitos especiais insanos para uma “série de TV”, fan service bem feito e uma trilha sonora que evoca Ennio Morricone.

3 – Undone, 1ª temporada (2019): Essa série deixaria Philip K. Dick orgulhoso. Trata-se de um mergulho profundo na mente da protagonista. Após um acidente de carro, Alma descobre que pode se comunicar com seu pai morto, um cientista, e viajar no espaço-tempo. Ou não? O humor de Alma é afiado, o que incomoda muita gente. E ela mesma sofre com sua instabilidade emocional. A técnica de rotoscopia, de animação dos movimentos dos atores, dá muita liberdade para os criadores da série pirarem, em mudanças inusitadas de cenários e ritmos de edição. Outro triunfo de Undone é a representatividade. O elenco é diverso. E a surdez e a ascendência mexicana de Alma são elementos centrais da trama.

2 – Fleabag, 2ª temporada (2019): Eu sou fanboy de Phoebe Waller-Bridge. E é em Fleabag que a vimos no seu auge. Na 2ª temporada, a protagonista, que adora se sabotar, mete o pé na jaca de vez. A franqueza da personagem é cativante e divertidíssima. Ao mesmo tempo, a série é triste pra burro. Porque nos identificamos com os problemas de Fleabag: a dificuldade de conexão com os outros, o alto preço pago por quem desafia as convenções sociais e as dúvidas de nosso lugar no mundo. Fleabag não quer ser um exemplo de mulher para ninguém, só quer ser ela mesma. Estou na torcida para que Waller-Brigde mude de ideia e faça uma 3ª temporada. De qualquer maneira, a personagem teve um final arrebatador em sua simplicidade e significado.

1 – Atlanta, 2ª temporada (2018): Donald Glover é um artista multitalentoso, ator, cantor, produtor, roteirista, diretor. Mas é como o criador de Atlanta que ele mostra todo o seu potencial. Ele quebra paradigmas ao apresentar uma série escrita, produzida e protagonizada por pessoas negras. Uma série tão sofisticada quanto os melhores exemplos da era de ouro da televisão, ocorrida nos últimos vinte anos. A verdade é que a excelência da televisão americana sempre foi dominada por produtores e roteiristas brancos. Atlanta alia ousadia narrativa ao flertar com o surrealismo e o terror e maturidade temática ao tratar de questões sociais, particularmente da condição do negro americano, desconhecido ou famoso, conectando tudo com a autorreflexão, dando profundidade aos personagens. Além de existir um aprimoramento na produção (fotografia, montagem, estrutura de roteiro etc.). Cada vez mais, Atlanta merece uma posição ao lado de séries icônicas como Madmen, Sopranos, The Wire e Breaking Bad.